Na contramão de outros estados, o momento para o mercado da construção civil em Mato Grosso está sendo considerado altamente positivo, puxado especialmente pelos chamados condomínios horizontais. Este tipo de empreendimento não para de crescer e a oferta de novos imóveis está abaixo da demanda.

Os dados são do último Censo Imobiliário realizado pelo Sindicato das Indústrias da Construção do Estado de Mato Grosso (Sinduscon-MT). De acordo com a pesquisa, na Grande Cuiabá, o estoque de lotes em condomínios fechados está muito abaixo da média considerada satisfatória pelo mercado.

A pesquisa mostrou que casas em condomínio ainda apresentam uma disponibilidade de 200 unidades na Grande Cuiabá, o correspondente a 6,6%. Terrenos em condomínio aparecem com 325 unidades disponíveis (6,9%) e lotes com 78 unidades (5%). O Sinduscon considera os números extremamente baixos, já que para a indústria da construção o estoque de vendas deve girar em torno de 30%.

O setor da construção civil também liderou as contratações no mês de setembro em Mato Grosso, segundo levantamento do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado na última semana pelo Ministério do Trabalho (MTb).

“A performance de Cuiabá e Várzea Grande destoa, positivamente, de outras cidades do mesmo porte no país. O que a gente percebe é que há uma tendência de intensificação no mercado do horizontal. O mercado mostra que praticamente não tem estoque no residencial horizontal”, analisa Paulo Bresser, presidente da Comissão da Indústria Imobiliária do Sinduscon-MT.

Este alto desempenho em vendas dos condomínios horizontais mantém aquecido o mercado da construção civil. O estabelecimento de condomínios horizontais em Mato Grosso, há cerca de 15 anos, foi um divisor de águas para todo o setor.

O padrão dos empreendimentos fez com que as empresas de material de construção tivessem que buscar um novo e melhorado portfólio de produtos de acabamento, criou centenas de novos empregos, gerou impostos e movimentou o mercado de arquitetura.

Somando-se o número de lotes em condomínios horizontais lançados nos últimos 15 anos, somente em Cuiabá, estima-se que tenham gerado em torno de R$ 5 bilhões em negócios, em toda a cadeia que envolve o setor – material de construção, de acabamento, elétrico, decoração, vendas imobiliárias, entre outros.

Para o empresário Júlio Cesar de Almeida Braz, diretor da Ginco Urbanismo, incorporadora cuiabana com mais de 15 anos de atuação na Capital, a construção de condomínios horizontais beneficiou, especialmente, as lojas de material de construção. “Quando um condomínio ou prédio é erguido, as construtoras, para otimizar custos, adquirem o material, especialmente de acabamento, diretamente dos grandes centros produtores como São Paulo, Paraná, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Já para construir nos condomínios horizontais, a escolha do modelo e tamanho da residência e do material a ser usado é do proprietário, que faz suas compras na cidade onde vai morar, neste caso, no comércio de Mato Grosso”, ressaltou.

De acordo com o presidente do Sindicato da Habitação de Mato Grosso (Sicovi-MT), Marco Pessoz, o impacto que a chegada dos condomínios causou no mercado de construção civil em Mato Grosso é imensurável. Mexeu com toda a cadeia produtiva, impulsionando emprego, mais renda e, consequentemente, aumentando o consumo no comércio local. “Gerou um novo nicho de negócios. Por exemplo, nos últimos cinco ou seis anos, foram aproximadamente 4.700 novos lotes ofertados, somente em condomínios fechados em Cuiabá e Várzea Grande. São quase cinco mil construções. Imagine o quanto tudo isto movimenta o setor da construção civil”, explica Pessoz.

O empresário José Wenceslau Souza Junior, da Verdão Material de Construção, conta que as lojas de material de construção passaram a trabalhar de uma nova forma. “Foi um divisor de águas no setor. O alto padrão dos condomínios horizontais fez com que as empresas tivessem que ampliar seu portfólio de material de acabamento. Além disso, gerou empregos em cadeia, impostos, fez com que a área de arquitetura em Mato Grosso, que era pequena, deslanchasse e estabelecesse um padrão requintado.

“Os condomínios horizontais têm vantagens que outros imóveis não possuem, como conforto, segurança, prazer em morar com espaço amplo e ter um local adequado e seguro para os filhos brincarem, enfim, qualidade de vida. As pessoas se sentem como antigamente, nas casas dos pais, em que se vivia tranquilamente pela vizinhança. As pessoas gostam dessa sensação, por isso procuram cada vez mais este tipo de imóvel”, finaliza Pessoz.

CONSTRUÇÃO CIVIL

Segundo o levantamento feito pelo Ministério do Trabalho (MTb) as contratações para a cadeia produtiva da construção civil no mês de setembro em todo país, em geral, tiveram um crescimento de 34.392 postos de trabalho.

Segundo o Caged, Mato Grosso teve 28.521 contratações no mês passado e 27.492 demissões. Nesses números, o saldo de novas contratações foi de 1.029. Os setores que lideraram as contratações foram os da construção civil, com 705 novos empregos; o comércio, com 480 novas contratações; e a agropecuária, com 160 novos postos.

Fonte: Folha Max